Boto desencantado

"Mulheres, truco e muitos goles."

O hino do IPM revela a veneração pela torcida em polvorosa, eternamente reconhecida pelas beldades que a compõem. São muitas as que comparecem à odisséia: conhecidas, peguetes, rolos, amigas, namoradas, noivas, esposas, mães, irmãs (o coração aperta, são saudades de Lívia, irmã de Leléu), ou costumavam ser.

Neste semestre, por onde peregrinam nossas musas? Por que o abandono, a ausência? É insondável a carência que nos alcança. O desamparo ao fazer um gol e não ter aquela bem-aventurada gatinha para recebê-lo com dedicatória. Esvazia o peito, o fôlego se esvai. É melancolia. Destarte, acode o desabafo, que também é um convite. Para tentar trazê-las de volta.

Era uma vez um mundaréu de garotas lindas, sorridentes, ávidas pela vitória, encantadas com o espetáculo. Veio o bi-vice-campeonato e um honrado terceiro lugar, bem como duas eliminações nas quartas-de-final. Outrossim, as conquistas foram conduzidas cerimonialmente por provas, estágios, TPMs e (T)IPMs. E elas se foram... Uma delas, inclusive, torcer pelo rival. Há rumores que o progenitor da tresmalhada patrocinará aquela corja... Ah, despicienda perfídia...

Bem verdade, algumas lá, todavia, estão, fiéis à equipe, entorpecidas pela prata. Regozijaram-se nas vitórias, acalentaram-nos nas derrotas. Seus beijos moveram os nossos heróis. Suas vozes foram nossas guias, seus carinhos, ah seus carinhos...

Por tudo, ficara o incentivo: defrontar os inimigos nos duelos, almejar a vitória, a fama, o fausto, o sucesso, para então, quiçá, fascinadas pelo êxito, tê-las novamente por perto, merecer, por outra vez, sua atenção.

Eis porque, domingo, quando o sol cortar o céu ao meio, apresentar-se-á a matilha prateada, em busca do triunfo sobre o adversário. Na direção da platéia lançar-se-á a vista, em busca daqueles outros olhares, tenros, ternos, vorazes, subversivos, incandescentes. Os jogadores torcerão, encabulados, para que elas estejam lá.